terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Revelado o Mistério Cristão



Revelado o Mistério Cristão

Sources Chretiennes revela autor e datação da Carta a Diogneto

Há um escrito apologético que explica o que é o cristianismo melhor do que qualquer texto moderno. Chama-se "carta à Diogneto", mas um profundo mistério envolve este pequeno escrito, que ainda hoje, data, autor, origem e o caráter mesmo estão ainda sujeitos a vivas discussões.
Para explicar o "mistério cristão", o desconhecido autor escreve, a um destinatário chamado Diogneto: "Os cristãos nem por razão, nem por linguagem, nem por costumes se distinguem dos outros homens. De fato, não habitam cidades próprias, nem usam um jargão que se diferencia, nem conduzem um gênero de vida especial. A sua doutrina não está na descoberta do pensamento de homens vários, nem eles aderem a uma corrente filosófica humana, como fazem os outros. Vivendo em cidades gregas e bárbaras, como correspondeu a cada um, e seguindo os costumes do lugar no vestido, na comida e no resto, testemunham um método de vida social admirável e sem dúvida paradoxal".
E ainda: "Casam-se como todos e geram filhos, mas não jogam fora os bebês. Colocam em comum a mesa, mas não a cama. Estão na carne, mas não vivem segundo a carne. Habitam na terra, mas tem a sua cidadania no céu. Obedecem às leis estabelecidas, e com a sua vida superam as leis. Amam a todos, e por todos são perseguidos. Não são conhecidos, e são condenados. São mortos, e retornam a vida. São pobres, e fazem a muitos ricos; Não têm nada, e abandonam tudo. São desprezados, e nos desprezos têm glória. São ultrajados e proclamados justos. São injuriados e abençoam; são maltratados e honram. Fazendo o bem são punidos como malfeitores; condenados se alegram como se recebessem a vida..."
Verdades que mostram a admiração que os cristãos geravam entre os pagãos do tempo, mas também conceitos que são de grandíssima relevância, especialmente no contexto de um projeto de uma "Nova Evangelização".
Após a "editio princeps" (primeira edição impressa) do 1592 a "Carta a Diogneto" foi republicada totalmente ou em parte, pelo menos, 65 vezes, a sua bibliografia ultrapassa a cifra de 250 publicações.
A sua história é incrível e lendária.
Por volta de 1436 um jovem clérigo chamado Thomas d'Arezzo, que estava em Constantinopla para estudar o grego, descobriu o manuscrito em uma peixaria no meio de uma pilha de papel de embrulho.

O clérigo em questão partiu depois de missão junto aos muçulmanos e entregou o manuscrito a um teólogo dominicano, o futuro Cardeal Giovanni Stojkovic de Ragusa.
Este último levou-o consigo ao Concílio de Basileia e passou-o para o humanista Giovanni Reuchlin.

Entre 1560 e 1580 o manuscrito foi encontrado na abadia de Marmoutier na Alsácia, e entre 1793 e 1795 foi transferido para a biblioteca municipal de Estrasburgo.
No 24 de Agosto de 1870, durante a Guerra Franco-Prussiana, o fogo da artilharia prussiana incendiou a biblioteca, no qual também se destruiu o manuscrito da carta. Apesar da perda da original, o texto da carta é certo porque no século XVI fizeram-se ao menos três cópias. A primeira feita provavelmente em 1579 por Bernard Haus por conta de Martin Crusius, foi redescoberta três séculos mais tarde da C. I. Neumann e se encontra ainda hoje na Biblioteca universitária de Tubingen.
A segunda foi realizada em 1586 por Henri Estienne pela editio princeps da obra, que foi publicado em 1592: cheia de anotações de leitura e de propostas de correções, essa se encontra hoje em Leida.
A terceira, feita por J. J. Beurer entre 1586 e 1592, perdeu-se, mas o autor tinha comunicado, com suas próprias anotações, a Estienne e a Friedrich Sylburg, e este último publicou uma edição própria em 1593. Os dois estudiosos marcaram nas suas edições uma parte das notas de Beurer. Para desvendar o mistério, contar a história, procurar as fontes, identificar o autor e o destinatário, as edições francesas de autoridade, "Sources Chrétiennes", publicaram o livro "Para Diogneto", com introdução, edição crítica e comentários do especialista em história do cristianismo primitivo, Henri-Irénée Marrou.
O livro em questão foi traduzido e publicado na Itália pela Editora San Clemente e pelas Edições Studio Domenicano. A tradução foi feita por Maria Benedetta Artioli.
Segundo o autor, "a carta a Diogneto" poderia ter sido escrita em Alexandria, num período entre os anos 90 e 200, e o seu destinatário deveria ter sido o Procurador Equestre Claudio Diogneto que no 197 estava em função do Grande Sacerdote do Egito.
Para Henri-Irénée Marrou o texto apresenta "uma incontestável afinidade global e pontos de contato parciais mas numerosos como o conjunto da literatura apologética dos anos 120-210, muito semelhante aos fragmentos da 'Pregação de Pedro' e Aristide".
Durante anos este texto tem sido atribuído a São Justino, mas agora está certo que o filósofo e mártir Justino não tem nada a ver. O autor é provavelmente um contemporâneo de Hipólito de Roma e de Clemente de Alexandria e segundo o livro de Sources Chrétiennes, seria Panteno, mestre de Clemente.
De Panteno Clemente escreve "o último que conheci, mas o primeiro em potência. O descobri no Egito, onde ele estava escondido... Era uma verdadeira abelha siciliana, colhia as flores no prado dos profetas e dos apóstolos e gerava na alma dos seus ouvintes um mel puro ... "
Na conclusão Marrou explica que não surpreende o interesse ao cristianismo de um administrador romano, num período de conversões nos quais a mesma imperatriz mãe Julia Mamaea (ou Giulia Mamea) apelava ao ensinamento de Origenes.
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Por Antonio Gaspari
Tradução TS


Fonte: cléofas

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Superstição



Análise da Superstição

Cônego José Geraldo Vidigal

Muitas pessoas  civilizadas e inteligentes  do século XXI ainda se deixam, paradoxalmente, levar por inúmeras manifestações supersticiosas. O termo superstição vem do latim superstitio que significa o que sobrevive de épocas passadas. Acreditam muitos, de fato, ingenuamente, nas formas primitivas de interpretação dos eventos da existência neste planeta, próprios tais modos de ver de povos incultos que não conheceram o desenvolvimento social. A experiência científica avançou consideravelmente, mas crendices ainda povoam mentes que se infantilizam diante dos desafios da vida. Ainda se fala em dias faustosos e aziagos, em pressentimentos tenebrosos, em forças ocultas que agem através de certos ritos inteiramente desconexos com a realidade dos fatos. O fatalismo impera em certas mentes que tudo atribuem a um determinismo que contradiz a reta Filosofia e a sã Teologia. Cumpre ser invulnerável às impressões destituídas de fundamento lógico ou bíblico. É de se notar que tantas vezes se apela para algo extraterreno a fim de justificar fracassos ou a indolência que conduziu a desastres físicos ou psíquicos. Aquele que tem fé sabe, porém, que, segundo as Escrituras, o Ser Supremo é Pai misericordioso, Pastor desvelado e Jesus deixou claro o poder da oração. Por outro lado, tantos fenômenos que se dão têm explicações científicas, mas há acontecimentos tão complexos que nem os sábios podem desvendar. O Todo-Poderoso pode vir sempre em auxílio dos que O imploram, desde que cada um faça o que estiver a seu alcance e sirva o favor divino para o bem da própria pessoa ou por quem se orou e contribua para a mesma glória do Criador de tudo. É preciso não atribuir as coincidências que ocorrem a ações malévolas do Maligno e a imaginação doentia de alguns passam a ver a intervenção de Satanás nas mínimas circunstâncias do dia a dia. A superstição é sempre indício de uma regressão infantil e demonstra insegurança e falta de uma crença profunda.  Como declarou Edmund Burke “a superstição é a religião dos espíritos fracos”. Joubert tem o mesmo pensar: “A superstição é a única religião das almas covardes”. É necessário se ater à psicologia dos atos conscientes, o mecanismo da vontade, o que flui dos reflexos nervosos  que influenciam tantas ações humanas. É que onde tremula a bandeira da verdade, atitudes supersticiosas definitivamente se afastam. O Marquês de Marica em suas famosas Máximas deixou escrito: “A superstição é filha da ignorância e produto de idéias falsas a respeito de deus e fenômenos da Natureza: o meio mais eficaz de a reduzir ou extirpar é o estudo das ciências naturais  com que se consegue uma noção clara da Natureza e atributos divinos e se dissipam muitos erros, ficções e entidades fabulosas, criaturas da ignorância, imaginação e impostura humana”. Quantas pessoas têm medo de passar debaixo de uma escada e isto acontece porque uma crença se arraigou, partindo do fato de certos indivíduos  desprevenidos não terem visto se ela estava firme, se a lata de tinta em cima estava bem equilibrada, se o pintor não estava movido a álcool... Um dos fatos mais deprimentes que se viu na televisão foi a de um Presidente da República brasileira, homem culto e político arguto, ao sair de um hotel no Rio de Janeiro voltou para poder sair pela mesma porta pela qual entrara, pois disse ele, do contrário a desgraça viria visitá-lo! Se doutores agem deste modo, se compreende que indivíduos de menor cultura se deixem levar ainda mais por explicações de certos fenômenos atribuindo-os a forças de índole sobrenatural. Atitudes irracionais, como por exemplo, ligar a ferradura de um animal à sorte de uma casa que a tem pregada na soleira da porta. Há completa desconexão entre causa e efeito. Deste modo a superstição nunca se justifica. Cumpre raciocinar para se chegar a uma conclusão plausível e não relacionar nunca efeitos estranhos com causas ineptas que impressionam por motivos acidentais ou por semelhança meramente extrínseca com os ditos efeitos.  A superstição denoda decrepitude do pensamento, fuga do homem de si mesmo e negação de sua dignidade de criatura pensante. Não se deve nunca admitir qualquer tipo de feitiço, pois isto repugna à uma inteligência esclarecida e a quem tem verdadeira fé em Deus. Ridículas foram as simpatias para o Ano Novo de 2012, como ter comido três uvas à meia-noite, fazendo um pedido para cada uma delas; ter jogado moedas da rua para dentro de casa para atrair riqueza. Estas e outras atitudes semelhantes são indignas  de um autêntico cristão.

Professor no Seminário de Mariana MG durante 40 anos
Fonte: catolicanet

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Casa de cada um



CASA DE CADA UM
Walcyr Carrasco

Nesta época, gosto de tratar da vida.
Dou a roupa que não uso mais.
Livros que não pretendo reler. Envio caixas para bibliotecas.
Ou abandono um volume em um shopping ou café, com uma mensagem: "Leia e passe para frente!".

Tento avaliar meus atos através de uma perspectiva maior.
Penso na história dos Três Porquinhos. Cada um construiu sua casa. Duas, o Lobo derrubou facilmente.

Mas a terceira resistiu porque era sólida. Em minha opinião, contos infantis possuem grande sabedoria, além da história propriamente dita.
Gosto desse especialmente.
Imagino que a vida de cada um seja semelhante a uma casa. Frágil ou sólida, depende de como é construída.

Muita gente se aproxima de mim e diz: Eu tenho um sonho, quero torná-lo realidade! Estremeço.
Freqüentemente, o sonho é bonito, tanto como uma casa bem pintada. Mas sem alicerces.

As paredes racham, a casa cai repentinamente, e a pessoa fica só com entulho. Lamenta-se.
Na minha área profissional, isso é muito comum.

Diariamente sou procurado por alguém que sonha em ser ator ou atriz sem nunca ter estudado ou feito teatro.

Como é possível jogar todas as fichas em uma profissão que nem se conhece?
Há quem largue tudo por uma paixão. Um amigo abandonou mulher e filho recém-nascido.

A nova paixão durou até a noite na qual, no apartamento do 10º andar, a moça afirmou que podia voar.
Deixa de brincadeira , ele respondeu.
Eu sei voar, sim! rebateu ela.
Abriu os braços, pronta para saltar da janela. Ele a segurou. Gritou por socorro. Quase despencaram.

Foi viver sozinho com um gato, lembrando-se dos bons tempos da vida doméstica, do filho, da harmonia perdida!

Algumas pessoas se preocupam só com os alicerces. Dedicam-se à vida material.

Quando venta, não têm paredes para se proteger.
Outras não colocam portas. Qualquer um entra na vida delas.
Tenho um amigo que não sabe dizer não (a palavra não é tão mágica quanto uma porta blindada).

Empresta seu dinheiro e nunca recebe. Namora mulheres problemáticas.
Vive cercado de pessoas que sugam suas energias como autênticos vampiros emocionais.
Outro dia lhe perguntei: Por que deixa tanta gente ruim se aproximar de você?
Garante que no próximo ano será diferente. Nada mudará enquanto não consertar a casa de sua vida.


São comuns as pessoas que não pensam no telhado. Vivem como se os dias de tempestade jamais chegassem.

Quando chove, a casa delas se alaga.
Ao contrário das que só cuidam dos alicerces, não se preocupam com o dia de amanhã.


Certa vez uma amiga conseguiu vender um terreno valioso recebido em herança.
Comentei
:
Agora você pode comprar um apartamento para morar.
Preferiu alugar uma mansão. Mobiliou. Durante meses morou como uma rainha.

Quase um ano depois, já não tinha dinheiro para botar um bife na mesa!

Aproveito as festas de fim de ano para examinar a casa que construí.

Alguma parede rachou porque tomei uma atitude contra meus princípios?
Deixei alguma telha quebrada?
Há um assunto pendente me incomodando como uma goteira?
Minha porta tem uma chave para ser bem fechada quando preciso, mas também para ser aberta quando vierem as pessoas que amo?


É um bom momento para decidir o que consertar. Para mudar alguma coisa e tornar a casa mais agradável.
Sou envolvido por um sentimento muito especial.
Ao longo dos anos, cada pessoa constrói sua casa.
O bom é que sempre se pode reformar, arrumar, decorar!
E na eterna oportunidade de recomeçar reside a grande beleza de ser o arquiteto da própria vida.


Fonte: internet