sexta-feira, 1 de maio de 2009

DIA DAS MÃES

Homenagem á minha mãe.
GRANDE MULHER, MARIA PIRES DE OLIVEIRA...
Vejo aquela mulher, bem vestida, com seu vestido de chita, estampado, quando entra no templo (Capela de Nossa Senhora da Conceição Aparecida). Faz genuflexão, dirige-se à capela do Santíssimo. Ajoelha-se e reza. Depois se senta diante da imagem de Maria e reza o seu rosário. Garanto que pensa no filho de Maria e em toda a sua família.
Agora a vejo sentada na cama ao lado de seu filho, febril e com dores de dente, ansiosa, dando-lhe remédio caseiro para curá-lo. O filho ao sentir-se em seus braços percebe-a qual uma santa. Noutro momento vejo-a no fundo do quintal lavando roupas na biquinha (mina), enquanto o filho brinca em cima de uma árvore ao lado. Vejo-a, no curral, enfrentando uma vaca brava – de cria nova -, afasta o bezerro e tira o leite. Vejo-a também ao lado de seu marido no eito do cafezal carpindo e plantando, trajando blusa de brim com mangas longas, saiote comprido até aos pés, lenço estampado cobrindo parte do rosto, chapéu de palha na cabeça e nos pés um par de alpargatas. Continuo vendo esta forte mulher, agora, assoprando a brasa no fogão à lenha e ascendendo o fogo para cozinhar; nesta cena o filho está em cima do “rabo” do fogão para esquentar seu corpinho, pois sua roupa de frio é muito reles.
Outra vez vejo-a, agora toda empolgada frente ao espelho, passando pó-de-arroz, laquê e água-de-cheiro, - enquanto seu marido arreia o cavalo e prepara a charrete - é que hoje ela vai à cidade fazer compras. Também a vejo sentada junto à sua máquina de costura, cortando e costurando as chitas, fazendo roupas para a família toda.
Agora a vejo uma senhora de meia-idade, grávida de oito meses de seu oitavo filho, que desembarca na estação ferroviária – de uma cidade estranha - em busca de melhores condições de vida para sua família. Ela está consciente do grande desafio que à espera (com a mudança da roça para a cidade), mas, segue confiante, atravessa a avenida em frente da estação e vai cidade adentro até sua nova morada.
Também vejo esta mulher que, embora sendo muito religiosa e tendo muita confiança em Deus, se angustia e chora com o sofrimento do filho que saíra de manhã a procura de um trabalho, e volta à tarde sem o ter encontrado. Num outro momento vejo-a na porta do quarto do filho a dizer: Acorde filho. Está na hora. São cinco horas, a fábrica já apitou.
Continuo sempre vendo essa grande mulher abraçada ao seu filho, num abraço de bênção e de boas vindas, pois ele acabara de chegar da igreja após a cerimônia de seu casamento. Ao seu lado ele traz sua esposa que também é recebida como filha por essa grande mulher. Nesse abraço, mãe e filho choram de alegria e emoção.
Como tudo nesta vida passa, também essa mulher passa. Na U.T.I. de um hospital, ela que tanta vida dá aos seus, agora não responde à pergunta alguma. O filho tenta falar-lhe muitas coisas, mas, são poucas as palavras que saem. Ela sente, ela ouve; o seu coração de mãe percebe que o filho está ali ao seu lado, porém não tem mais forças para responder, somente duas lágrimas saem de seus olhos, provando que seu coração continua amando.
Novamente vejo-a enfeitada, bem vestida e com flores por todos os lados. Todos a beijam e pedem a sua bênção. Cobrem-na com um véu, fecham-se as cortinas: ADEUS... MÃE...!
Porém; - é teimosa a mente do filho - ele continua vendo essa grande mulher ao lado do seu berço, balançando-o e cantando aquela música de ninar: nana nenê, nenê não quer naná, nana nenê.........

Americana, 12 de junho de 2003
Nestor de Oliveira Filho

3 comentários:

  1. Pai amei o que o senhor escreveu é lindo até chorei, continue vivendo e escrevendo Maria

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  2. Boa Noite meu querido irmão escritor.
    é muito linda essa homenagem que fez para nossa querida Mãe.
    enquanto ia lendo ia vivendo cada fase, e as lagrimas foram inevitaveis.
    Deus te ilumine e te conserve sempre com esse dom de escrever que herdou do nosso Pai.

    bjssss..da sua irmã Tiana 29/09/2010

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  3. Oi Nestor, como é emocionante falar de Mãe, como disse sua irmã as lágrimas vão correndo, que saudades voce da sua e eu da minha, saudades das reuniões com o pão caseiro as domingos e como disse todos os dias trazem uma saudade.
    Abraços de sua cxunhada.
    Dete. 30/09/2010.

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