sábado, 29 de dezembro de 2012

Naquela janela



Naquela janela / eu vi a donzela /
de blusa amarela / a me acenar.
Parei no portão / com educação /
o meu coração / propenso a amar.
Mas sendo infante / como um andante /
segui adiante / sem me declarar.
Pensando na volta / tracei minha rota /
virei cambolhota / pra me formar.
Retorno o caminho / me vejo sozinho /
o meu amorzinho / foi pra longe morar.
Na mesma janela / não mais vejo ela /
ingrata flor bela / não quis me esperar.

29/12/2012  nof
Autoria: Nestor de Oliveira Filho


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Como usar as palavras



Certa vez, uma jovem foi ter com o bom homem, São Filipe Neri, para confessar seus pecados. Ele já conhecia muito bem uma de suas falhas: não que ela fosse má, mas costumava falar dos vizinhos, deduzindo histórias sobre eles. Essas histórias passavam de boca em boca e acabavam fazendo mal – sem nenhum proveito para ninguém.

São Filipe lhe disse:

– Minha filha, você age mal falando dos outros; tenho que lhe passar uma penitência. Você deverá comprar uma galinha no mercado e depois caminhar para fora da cidade. Enquanto for andando, deverá arrancar as penas e ir espalhando-as. Não pare até ter depenado completamente a ave. Quando tiver feito isso, volte e me conte.

Ela pensou com seus botões que era mesmo uma penitência muito singular! Mas não objetou. Comprou a galinha, saiu caminhando e arrancando as penas, como ele lhe dissera. Depois, voltou e reportou a São Filipe.

– Minha filha – disse o Santo –, você completou a primeira parte da penitência. Agora vem o resto.

– Sim, o que é, padre?

– Você deverá voltar pelo mesmo caminho e catar todas as penas.

– Mas, padre, é impossível! A esta hora, o vento já as espalhou em todas as direções. Posso até conseguir algumas, mas não todas!

– É verdade, minha filha. E não é isso mesmo que acontece com as palavras tolas que você deixa sair? Não é verdade que você inventa histórias que vão sendo espalhadas por aí, de boca em boca, até ficarem fora do seu alcance? Será que você conseguiria segui-las e cancelá-las, se desejasse?

– Não, padre.

– Então, minha filha, quando você sentir vontade de dizer coisas indelicadas sobre seus vizinhos, feche os lábios. Não espalhe essas penas, pequenas e maldosas, pelo seu caminho.

Fonte: http://www.radiorainhadapaz.com.br