terça-feira, 15 de julho de 2014

Liturgia




A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA E A CELEBRAÇÃO DA SANTA MISSA



Neste artigo abordaremos, sob alguns poucos aspectos, a Renovação Carismática em face da Renovação Litúrgica do Concílio Vaticano II com desejo de lançar uma maior luz sobre algumas questões práticas tais como musicalidade, gestos, palmas, abordando, até, a questão das manifestações carismáticas e as “Missas de Cura e Libertação”. Boa leitura.

O início da Renovação Carismática e a Renovação Litúrgica do Concílio Vaticano II

Em seu livro Renovación en el Espíritu Santo a teóloga espanhola Denise S. Brakebrough dedica todo o primeiro apartado do mesmo a falar dos antecedentes históricos da Renovação Carismática Católica¹. Três professores da Universidade de Duquesne e do Espírito Santo em Pittsburgh, Pensilvânia, foram as primeiras sementes daquele que foi o marco inicial (e não a fundação!) da Renovação Carismática Católica, tal como a conhecemos hoje. São eles: William G. Storey, Ralph Keifer e Patrick L. Bourgeois.

Finalizando o Concílio Vaticano II e impactados por seus ensinamentos, três professores leigos, de Filosofia e Teologia, membros da Universidade de Duquesne e do Espírito Santo, William G. Storey, Ralph Keifer e Patrick L. Bourgeois, que desde o outono de 1966 se reuniam com frequência em grupos de oração, pensaram em “fazer algo”. Há necessidade de mencionar-se que, durante a década dos anos sessenta, havia se produzido, nos Estados Unidos, uma onda de entusiasmo pelas vigílias bíblicas e os encontros de oração. Este era o ambiente que reinava [...] Fomentava-se a atividade litúrgica, o testemunho cristão e a ação social.

... Ditos professores começaram a pedir, em oração, que o Espírito Santo lhes concedesse essa renovação e que o vazio que sentiam fosse preenchido pelo Senhor ressuscitado. Para isso, começaram a rezar o “Vem, Espírito Santo”, da sequência que se recita na liturgia do domingo de Pentecostes. Ao mesmo tempo, esmeraram-se no estudo do Novo Testamento, especialmente as partes que detalhavam a vida da Igreja primitiva dos primeiros séculos.

William G. Storey era professor de Teologia e sua especialização era justamente a Liturgia. Segundo Storey, seu entusiasmo pela experiência que hoje se denomina Renovação era alimentado por seus estudos no que tange às origens e desenvolvimento das liturgias orientais e ocidentais e a sua triste constatação de que havia um declínio acontecendo com a nossa forma litúrgica de transmitir ao homem hodierno os mistérios celebrados e que havia, portanto, uma desesperada necessidade de uma profunda revitalização. As reformas propostas pelo Concílio Vaticano II foram motivo de enorme entusiasmo. William via que as diversas tradições cristãs (orientais e ocidentais, Católicas, Ortodoxas e protestantes) deveriam oferecer seus tesouros espirituais mutuamente (também o Frei Raniero Cantalamessa comenta num de seus artigos a respeito da capacidade de Deus de tirar algo grandioso daquilo que foi um mal – a nossa divisão – uma vez que cada tradição cristã desenvolveu algum aspecto da vida cristã com maior ênfase; a nossa unidade trará grande benefício a Igreja).

O Concílio Vaticano II nos ofereceu o Missal de Paulo VI com o único desejo de aumentar a participação do povo de Deus na celebração da Divina Liturgia. Durante muito, mas muito tempo, o povo simples e humilde (ou seja, 90% dos Latino Americanos, o que significa dizer que estamos falando da esmagadora maioria dos católicos do mundo) “assistia” a Santa Missa; conseguiam entender em que "parte" da missa o Padre se encontrava, é evidente, e tiravam proveito, quem sabe, da homilia e da comunhão eucarística. Contudo, a maioria das pessoas rezava o terço enquanto o padre “dizia a missa”. Nenhum conservador realmente honesto pode desdizer esses fatos.

Deste modo, o povo católico “ficou” com aquilo que lhe era mais tangível: os devocionais voltados aos santos, as procissões, enfim, tudo isto que forma parte daquilo que chamamos de religiosidade popular. É o Documento da V Conferencia do Episcopado Latino Americano e Caribenho – e não eu! – quem identifica este fenômeno como uma das causas principais do “desmoronamento” da fé católica, com o consequente crescimento das seitas (pois o povo tem sede do conhecimento de Deus).

O Missal de Paulo VI e suas mudanças, contudo, “mudaram” essa realidade? Trouxeram o povo católico a um maior entendimento dos mistérios celebrados na "Divina Liturgia"? Será que o povo não está mergulhado numa religiosidade meramente popular – ainda – e o crescimento das seitas não está cada vez mais em ascensão?

O Papa Emérito Bento XVI, na última catequese, falou-nos sobre a renovação litúrgica do Concílio Vaticano II (e o ambiente de entusiasmo que havia sobre isto). Dizia o Papa que não bastava traduzir a missa e disponibilizá-la na língua materna de cada nação; tão pouco bastava inserir participações do povo, ou “virar” o altar. Fazia-se (e ainda se faz) necessária uma profunda evangelização, uma profunda catequese!

Muito bem! Agora... Também é fato que a catequese necessita ser antecedida peloanúncio, pelo Kerygma, capaz de levar o fiel a uma experiência pessoal, íntima e transformadora com Jesus Cristo (o Encontro Com Cristo, tão mencionado pelo Documento de Aparecida).

Chegamos ao ponto de intersecção entre a Renovação Litúrgica e a Renovação Carismática Católica. Por meio da experiência denominada nos estatutos do ICCRS (International Catholic Charismatic Renewal Services), aprovados pela Santa Sé, deBatismo no Espírito Santo, o fiel encontra um caminho esplêndido uma experiência pessoal com Jesus Cristo. A pregação do Evangelho sob o “poder do Espírito Santo” – expressão utilizada pelo Apóstolo São Paulo para denominar as manifestações carismáticas – promove esta experiência que leva o fiel a uma sede profunda das fontes de vida espiritual que, por nossa catolicidade, são os sacramentos, a leitura da Palavra, a Oração, etc.

Neste sentido, o Batismo no Espírito Santo abre o coração do fiel para a Catequese, o que lhe permitirá uma participação mais vívida e eficaz dos sacramentos e, sobretudo, dos divinos mistérios celebrados na Eucaristia. Aliás, este é o testemunho das primeiras comunidades cristãs recolhido nos escritos patrísticos².

A Renovação Carismática Católica e a Animação Litúrgica

A “célula básica”, o “proprium” do Movimento Carismático tem nos chamados Grupos de Oração o seu verdadeiro lar. Estes grupos são caracterizados (ou eram, pelo menos) pela liberdade no Espírito, expressa por meio de palmas, danças e muita alegria (tal qual encontramos nos Salmos). Tudo isto faz parte da expressão de louvor docarismático, e ele encontra na Sagrada Escritura fundamentações muito sólidas para assim proceder³. Outra característica sine qua non dos Grupos de Oração são asmanifestações carismáticas.

A imensa maioria dos “católicos carismáticos” relatam a seguinte experiência:

“Eu sempre fui católico; contudo, eu era desses católicos que vão a missa e 'pronto'. Depois que eu estive num Grupo de Oração da Renovação Carismática, tive um encontro pessoal com Nosso Senhor Jesus Cristo e a minha vida mudou”.

Podemos levantar várias questões:

Estas pessoas não encontraram Jesus na Eucaristia?

Não é a Eucaristia a presença real de nosso Salvador (aliás, inigualável presença)?

A causa já nos foi explicada pelo Papa Bento XVI na citação que fiz acima. Como a graça de Deus pressupõe a natureza, não basta "traduzir" a missa para que ela se torne realmente acessível ao povo. Aliás, por que será que 90% das nossas crianças que estão fazendo primeira comunhão e crisma não estão “nem aí” para a Igreja? Será que “dar catequese” a pessoas que não tiveram uma experiência com Jesus não é semelhante a – com o perdão da palavra (apesar de as palavras não serem minhas, mas de Jesus) – atirar pérolas aos porcos?

Deste modo, perceba como é quase elementar para o carismático católico mal instruído a conclusão de que ele precisa tornar a Missa o mais semelhante possível ao Grupo de Oração onde ele teve sua experiência com Jesus Cristo. Palmas, danças, gestos e orações “carismáticas” começam a ser introduzidas na Santa Missa não porque o povo seja herege; eu diria que, na maioria das vezes, as intenções são as melhores e mais belas.

Precisamos instruir a nossos irmãos, portanto, no que tange ao correto modo de celebrar a Eucaristia tendo em nós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus. A Santa Missa é um culto infinitamente superior ao que prestamos a Deus em nossos Grupos de Oração. Em realidade, na Santa Missa é o Sumo e Eterno Sacerdote, Jesus Cristo, quem age por nós e a nosso favor. Nossas palavras e gestos são um memorial, um Rito.

Deus fez uma série de Alianças com o homem. Cada aliança teve um mediador, com um rito de celebração próprio e previa uma benção (no cumprimento da mesma) ou uma maldição (no descumprimento da mesma). Dentre estas Alianças, ressalto a da Páscoa dos Israelitas, quando eles imolaram e comeram o cordeiro ainda no Egito para, depois, atravessarem o mar vermelho a pé enxuto. Os israelitas receberam instruções para organizar o rito e fazer memória, reviver, ano após ano, a Aliança feita com Deus. Toda a liturgia e o ministério dos levitas nasceu neste momento. Israel, ano após ano, imolou e comeu o cordeiro dentro do rito litúrgico previsto na Lei. Nosso Senhor Jesus Cristo, Mediador da Nova e Eterna Aliança, estabeleceu, na última ceia, o Rito da Nova e Eterna Aliança pelo qual se faria memória - no sentido bíblico de "tornar atual", reviver - do cordeiro imolado e se comeria a Sua carne e se beberia o Seu sangue.

Portanto: A Santa Missa é o Rito da Nova e Eterna Aliança onde o Mistério da imolação do Cordeiro (único e suficiente) é ratificado perenemente (dia após dia), a fim de participarmos da Aliança, comendo a carne e bebendo o sangue do Cordeiro, que se dá na Eucaristia. Neste Rito, Jesus Cristo é quemage a nosso favor. É nosso sábado onde todo o trabalho humano deve cessar (leia Jesus de Nazaré, do Papa Emérito Bento XVI, especialmente sobre a questão da Sábado)... É Deus quem trabalha. A Igreja recolheu a herança dos Apóstolos e seus sucessores nos manuais litúrgicos, a fim de que façamos cada gesto de acordo com o espírito do Rito, prescrito nos mesmos, porque a nós cabe, na Celebração Eucarística, "descansar". É, repito, o nosso Sábado. Aquilo que nós podemos fazer, os nossos esforços... Cessam, revelam-se incapazes diante da obra que só Deus mesmo pode fazer. Repetimos palavras e gestos na certeza de que é o Espírito Santo quem estará nos fazendo partícipes da única e irrepetível Eucaristia celebrada pelo Senhor Jesus, consumada na cruz e perpetuada através do séculos por meio da Igreja.

Rito é rito! Não se preocupe em inventar... É o seu sábado. Quem trabalha é Deus. Basta viver a liturgia e beber da graça. Isto não significa que sou adepto do rigorismo e fundamentalismo litúrgicos que caracterizam correntes teológicas tradicionalistas (que, praticamente, consideram tudo o que veio do Concílio Vaticano II em termos de liturgia como sendo "de segunda categoria"). Perceba que, a respeito da Sagrada Escritura, Jesus disse claramente que nada, nem sequer uma letra, deveria ser retirada ou acrescentada da lei. Isto, contudo, não o guiou a uma observância fundamentalista da lei ao estilo "sola scriptura". O período patrístico também se caracterizou por esta luta contra o fundamentalismo bíblico. Da mesma forma, fidelidade à letra e ao Espírito dos manuais litúrgicos não significa, em absoluto, rigorismo. A história da Igreja nos mostra como, ao longo dos séculos, as diversas culturas influenciaram a liturgia (o que originou os diversos ritos existentes).Portanto, a questão é a seguinte: Qualquer coisa que "retire" ou "tente imprimir um significado diferente e novo" que não condiga com a tradição da Igreja deve ser abolido. Nem todo "adendo" está "retirando" ou "imprimindo um significado diferente e novo", e é por isto que muitos deles foram incorporados aos diversos ritos existentes. Respeito ao sentido litúrgico: Este é o critério.

O Apóstolo São João narra, no Apocalipse, que viu o céu aberto. “De-velar”, “tirar o véu” é o que significa a palavra Apocalipse. Parusia, no grego, antes de significar a segunda vinda, tem o sentido de “presença”. Na visão do Apocalipse, São João vê o que,a partir de agora, se tornou realidade espiritual: Homens e anjos unidos numa única liturgia de adoração e louvor ao Cordeiro que está imolado (possui as marcas dos pregos) mas, ao contrário do que aconteceu no Calvário, está vivo e é Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. No Apocalipse nós vemos o templo, sacerdotes paramentados, candelabros, cantos, incenso, momentos de silêncio, santos, anjos, a Virgem Maria, etc. Em qual outro culto cristão encontramos estes elementos que não seja na Divina Liturgia? O Apocalipse é, portanto, o verdadeiro inspirador dos nossos manuais de liturgia 4.

O Doutor Scott Hahn, autor do Livro "O Banquete do Cordeiro" demonstra como a Missa é a chave de entendimento do Apocalipse e como o Apocalipse é a chave de entendimento da Missa. De fato, quando vamos a Missa, o "Apocalipse" está diante de nossos olhos, já acontecendo, em mistério, até que se dê definitivamente na segunda vinda de Cristo.

Diante do Trono e do Cordeiro nós vemos a dimensão sacrifical, dolorosa, e também festiva, vitoriosa da Santa Missa. Dimensão sacrifical e dolorosa não quer dizer "velório" assim como dimensão festiva e vitoriosa não quer dizer "carnaval".

Aplicações Práticas

Colocarei orientações práticas para duas situações: A Santa Missa na Comunidade Paroquial (ou em qualquer outro lugar, sendo celebrada a uma comunidade aberta) e a Santa Missa celebrada em situações onde todos os participantes são carismáticos(especialmente os nossos Encontros propriamente carismáticos).

Sabemos que a Igreja falou, ao longo dos séculos, ao coração de cada uma das diversas culturas e povos, tendo a capacidade de se adaptar, recolhendo aquilo que era bom, rechaçando aquilo que era mal, sem permitir, de forma alguma, que este processo viesse em detrimento dos mistérios celebrados. É este o motivo pelo qual existem uma série de ritos diferentes para se celebrar a missa (nós estamos acostumados, no ocidente, ao Rito Romano). Ao mesmo tempo, a Santa Missa é o momento no qual toda a família de Deus (não obstante seu movimento, comunidade ou pastoral) celebra, unida junto ao Sumo e Eterno Sacerdote, Jesus Cristo, a Nova Aliança. É imprescindível que, para conservar a noção de rito e guardar a unidade entre todos os participantes, se observe as prescrições dos manuais litúrgicos, como já explicamos acima.

Levantar as Mãos e Bater Palmas na Santa Missa:

“Bater palmas” e levantar as mãos na Santa Missa é algo que fere a liturgia? Depende. Estamos celebrando ao Banquete Nupcial do Cordeiro, que está imolado, mas está vivo, ressuscitado e poderoso, é verdade. Ao mesmo tempo, trata-se de fazer memória do seu sacrifício de Cruz. As duas dimensões, festiva e sacrifical, estão presentes na Divina Liturgia. Há momentos nos quais a liturgia nos pede mais ênfase na dimensão sacrifical (quaresma e advento) e momentos nos quais nos pede maior ênfase na dimensão festiva (páscoa e natal). Num momento, suprimem-se o “canto do glória” (advento); na quaresma, além do canto do glória, suprime-se o “Aleluia”. Na Páscoa abundam as exclamações de glória e Aleluia. No período do Natal há, também, toda uma ênfase festiva.

Respeitando períodos litúrgicos e os momentos do próprio Rito da Missa, não vejo como desrespeitoso que, num cântico como o glória, as pessoas possam devotamente levantar as mãos ou, até, aplaudir. Quem sabe até na procissão de entrada e na Aclamação ao Evangelho também se poderia, levando em conta os critérios acima mencionados (a ênfase do tempo litúrgico e o momento do Rito), levantar as mãos e aplaudir. Contudo, a partir do início da Liturgia Eucarística (o ofertório) não vejo fundamentações para que se batam palmas na Celebração Eucarística (estou aberto para as mesmas). No canto do “Santo” se poderia, quando muito, levantar as mãos num profundo sentimento de adoração (o que é diferente de levantar as mãos “abanando-as” ou “movimentando-as de um lado para o outro”).

Perceba que os tempos e momentos geram alguns “sentimentos”, que acompanham o sentido da ação litúrgica. É necessário respeitar isto, tendo em nós os mesmo sentimentos de Cristo. Se este gesto, em algum momento, deturpa o sentido daquele momento litúrgico... Deve ser retirado. Agora, se corrobora... Não há porque agir com rigorismo ao estilo "sola scriptura".

Instrumentos Musicais e Postura das Vozes

O instrumento preferido para a liturgia é o órgão. O canto próprio da liturgia é oGregoriano. As instruções dadas pelo Santo Padre pedem que, ao poucos, tenhamos coragem de ir reintroduzindo algumas partes da Santa Missa em canto Gregoriano (o Kyrie, o Gloria, o Sanctus, o Pater Noster, o Agnus Dei). Vi isto acontecer nas paróquias do Estados Unidos, e é muito bonito.

Temos percebido que alguns instrumentos já fazem parte da cultura musical dos povos. Qual é o critério de utilização dos mesmos? O sentido litúrgico. "Solos" de guitarra e de bateria não combinam com a Santa Missa em hipótese alguma, para citar um exemplo. Vozes gritando como se estivem no “The Voice Brasil” também destoam totalmente do sentido litúrgico. Portanto, a utilização dos instrumentos e a postura da voz deve ser amena, com ênfase no sentido do que se canta (mais que na performance artística dos músicos).

Manifestações e Orações Carismáticas

Em "missa aberta", onde pessoas de outras realidades eclesiais estão presentes, o critério será sempre não. O Apóstolo São Paulo deixou recomendações claras em I Cor 14 sobre o uso dos carismas na Assembleia. Dar vazão a uma manifestação carismática num ambiente de pessoas que desconhecem a mesma... É no mínimo temerário.

Nas missas onde todos os presentes são "carismáticos", há alguns momentos nos quais encontramos espaços adequados para a oração carismática. No momento das preces, por exemplo, vi como Dom Alberto Taveira conduz a Assembleia em oração intercessória pela Igreja e a oração em línguas se dá de forma simples e harmônica. No “Credo” existe a possibilidade de ser fazer a renúncia do mal e a profissão de fé, de modo que o carisma de libertação encontra um espaço propício. Na ação de graças o fiel pode, muito bem, orar em línguas no seu interior e, depois do espaço de silêncio, se toda a Assembleia fizer um momento de adoração (como é comum), pode-se muito bem estar abertos para a oração em línguas como expressão de adoração.

O critério será sempre o sentido litúrgico de cada momento.

Missas de Cura e Libertação

Há uma grande polêmica sobre as ditas missas de Cura e Libertação. “Toda a Missa é de cura e libertação”, dizem. Ora, todo o domingo é devotado à Santíssima Trindade, o que não impede de termos a festa da Santíssima Trindade num domingo específico. Parece cômico, mas já ouvi muitos sacerdotes criticando as missas de cura e libertação sendo que os mesmos já celebraram (e ainda celebram) Missas Afro.

A Missa é sempre a Celebração da Nova e Eterna Aliança. Ela pode, contudo, ser votiva a algum propósito específico (aos enfermos e doentes, por exemplo). Neste sentido, a Missa pode ser SIM celebrada com a intenção especial de súplicas a Deus pela cura e libertação de seu povo (aliás, cura e libertação são características marcantes do ministério de Jesus Cristo; já as missas afro...).

Este simples artigo não possui nenhum caráter oficial. São reflexões de um simples católico.

Finalizando

Convido meus irmãos da Renovação Carismática Católica a um verdadeiro esforço teológico que, respeitando a nossa essencial (e não acidental e periférica) expressão de louvor e adoração, bem como nossa essencial abertura às manifestações carismáticas, sejam contempladas e acolhidas dentro do sentido litúrgico, levando em conta a Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição.

Percebo Movimentos como o Caminho Neocatecumenal se esforçando neste sentido. Que o tradicionalismo (que está invadindo realidades carismáticas neste tempo) não venha a ferir aquilo que, por mais de quarenta anos, temos vivido.
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1. Os primeiros trechos do livro de Denise K. Brakebrough foram traduzidos por mim e estão disponíveis no meu blog http://sobrearochadepedro.blogspot.com.br

2. Veja o Documento Conclusivo do Diálogo entre Católicos e Pentecostais Clássicos sob a tutela do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos. Link para o documento: http://www.cnbb.org.br/publicacoes/edicoes-cnbb/4974-tornar-se-cristao-inspiracoes-da-escritura-e-dos-textos-da-patristica-com-algumas-refl-exoes-contemporaneas-vol-2

3. Veja este artigo sobre as fundamentações para o louvor alegre, com danças, palmas e gestos http://sobrearochadepedro.blogspot.com.br/2008/04/renovacao-carismatica-catolica.html

4. Leia o Livro do Dr. Scott Hahn intitulado "O Banquete do Cordeiro".

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